Riserva Zen Yoga Life
Yoga para iniciantes: desmistificando a prática
O yoga é muito mais que um movimento corporal, ou práticas de meditação. É uma filosofia milenar que busca o equilíbrio e o autoconhecimento.
Por Danielle Carvalho

O nome da revista - ENTRE ASANAS - sugere que o leitor tenha alguma ligação direta com o Yoga. No entanto, se você nunca praticou, quando ouve alguém falar que pratica Yoga logo pensa que essa pessoa deve ser muito calma e equilibrada; ou que é impossível ficar sem pensar em nada na posição de lótus; ou que não tem paciência, porque o yoga é muito parado; se você acha que se conhece o suficiente para insistir que isso não é para você, vou tentar explicar como funciona a prática do yoga, para que talvez você se sinta convidado a praticar. Sem qualquer pretensão doutrinária, encenarei brevemente a prática, para que seja compreendido por qualquer pessoa, praticante ou não, como funciona uma aula de yoga. Com isso, espero que você atenda o chamado do yoga que - se você está lendo este texto - certamente te atrai.
O yoga é muito mais que um movimento corporal, ou práticas de meditação. É uma filosofia milenar que busca o equilíbrio e o autoconhecimento. Praticado por religiões orientais, ele busca, do mesmo modo que as religiões, a ligação entre o homem e Deus, entre a matéria e o espírito.
Independentemente de qual seja a sua religião, não se pode negar que somos uma consciência que habita um corpo. E que cuidar do corpo traz saúde física e mental. Está na moda o uso da palavra mindfullness, que traduzida para o português, significa atenção plena. No yoga, chamamos de estado de presença. Na prática do yoga, você pode conseguir isso unindo duas técnicas: através das técnicas de respiração consciente (pranayamas) ou por meio das posturas (asanas).
A meditação se inicia com a respiração consciente. Com isto, sem que você perceba, terá parado de prestar atenção no mundo ao seu redor.
O prana é a energia vital que circula por todo o corpo físico por intermédio, dentre outras formas, a da respiração. Yama é controle. Então, o pranayama pode ser entendido como: a respiração controlada. Já os asanas têm como objetivo liberar os bloqueios que impedem a circulação dessa energia vital e, também, proporcionar consciência corporal, emocional e mental. As aulas de yoga normalmente começam com uma meditação para desacelerar os pensamentos (plano mental) e a agitação corporal (plano físico). A meditação se inicia com a respiração consciente. Com isto, sem que você perceba, terá parado de prestar atenção no mundo ao seu redor.

Os iniciantes precisarão de um professor/instrutor para aprender a fazer seus pranayamas. O instrutor indicará quantas vezes terão que inspirar e expirar; se terão que reter a respiração com os pulmões cheios de ar, ou vazios, ou nos dois momentos. O instrutor também pode indicar que se faça a inspiração de baixo para cima (expandindo o abdômen, passando pelo diafragma até encher os pulmões) e exale no percurso contrário; ou poderá indicar que a respiração seja feita por trás da garganta fazendo barulho, por exemplo. Com isto, você terá desacelerado boa parte dos seus pensamentos e batimentos cardíacos o que pode ser percebido por aquele que está acostumado prestar atenção no próprio corpo, atento às sensações.
Feitos os exercícios respiratórios, começarão os asanas, que são posturas de equilíbrio, isometria e alongamento. Concorda que esse trio te desafia? Por isso, com eles é possível exercitar a atenção plena. Para se equilibrar em uma posição que seu corpo não está acostumado a fazer é necessário que haja total concentração (ou estado de presença). Recomenda-se olhar para um ponto fixo. Quanto mais se pratica, mais fácil ficará aquela posição. Logo, você se verá constantemente desafiado às variações mais complexas daquela postura, o que trará progressivamente mais consciência e equilíbrio, pois o cérebro aprende o caminho para chegar e permanecer naquela postura, estabelecendo novas conexões neurais.
Então, você mentaliza buscar conforto no desconforto para seguir em frente. Depois você traz esse aprendizado para vida. Fora do tapetinho.
Já o alongamento é um exercício que deve ser feito com frequência. Não é de uma hora pra outra que você faz, por exemplo, um namastê invertido (colocar os braços para trás e juntar as palmas das mãos em prece nas costas). Requer disciplina. Onde está o estado de presença? Em tentar ganhar cada vez mais espaço no alongamento. O alongamento se inicia sem forçar com a extensão do músculo, respeitando o limite de cada corpo. A cada vez que você inspira, você deve tentar buscar mais espaço, dando maior amplitude ao movimento. Nessa tentativa de alongar é normal sentir um desconforto físico. Suportar esse desconforto na busca pela amplitude do movimento mantém o foco no presente e, também, no seu objetivo de alcançar mais espaço no corpo e na postura. Então, você mentaliza buscar conforto no desconforto para seguir em frente. Depois você traz esse aprendizado para vida. Fora do tapetinho.