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Mídias sociais e saúde mental em tempos de pandemia

Especialistas orientam como lidar com as emoções nesse período Por Jessica Bazzo


O que te faz feliz? Para alguns, a felicidade está nos pequenos detalhes, nas sutilezas, no compartilhar momentos com quem se ama, para outros, está no ter ou na posse de bens materiais, e há ainda aqueles para quem a felicidade significa estar em lugares capazes de fazê-los felizes.


No dicionário Michaelis (Online), felicidade é o “estado de espírito de quem se encontra alegre ou satisfeito” ou ainda um “acontecimento ou situação feliz”. Já para biologia, a felicidade tem como chave estes quatro hormônios: endorfina, serotonina, dopamina e ocitocina.


Na filosofia, a discussão sobre felicidade vem desde a Grécia antiga e estava por definição relacionada a uma vida em harmonia. Segundo o filósofo Mário Sérgio Cortella, a felicidade estaria na fórmula “realidade menos expectativas”, de modo que, se fosse uma expressão matemática, poderíamos colocar da seguinte forma: (R-E). Ainda conforme Cortella, em vídeo publicado no ano de 2014 pela Editora Saraiva, com participação dele e da também filósofa Márcia Tiburi, a felicidade não é um estado contínuo, mas instantes em que o indivíduo pode sentir a vida levando-o ao máximo.


Com tantas definições e subjetividades, se o “ser feliz” é assim tão individual, por que muitos ainda buscam modelos prontos ou a felicidade a todo custo, como se fosse uma obrigação ser feliz? E como as mídias sociais têm influenciado a busca pela felicidade?


As mídias sociais favorecem a conexão, a troca de experiências e o compartilhamento de informações, mas também evidenciam a exposição constante de recortes do cotidiano que não correspondem à sua totalidade. Para a psicóloga especialista em neuropsicologia e em terapia cognitivo-comportamental Paula de Oliveira Maia, essa exposição tem sido danosa para muitas pessoas. Segundo ela:


“Estamos constantemente assistindo a caras sorridentes todos os dias, corpos perfeitos, relacionamentos perfeitos, trabalhos incríveis, viagens para locais paradisíacos. E aí, quando sentimos tristeza ou ansiedade, essas imagens reforçam nossa ideia de que estamos fazendo algo de errado. Mas nada disso é real, todos vivemos numa montanha russa emocional”, salienta.




A psicanalista Ceres Lêda Félix de Freitas concorda com essa posição e acrescenta ainda que o discurso capitalista (associado ao da Ciência, que promete a realização de desejos inimagináveis em outros tempos) reforça a ideia de satisfação pelo consumo. É como se uma sensação de bem-estar viesse com os atos de adquirir e de acumular, assim como da necessidade de exibir para todos, de forma até performática, apenas o que há de sucesso em seu desempenho, e por meio de imagens quase sem defeitos.


“Esse discurso adoece as pessoas porque as faz negar a realidade social, econômica e subjetiva de cada um ao padronizar um modelo a ser seguido como o ideal de sucesso e felicidade. Dessa forma, nega as instabilidades emocionais, a experiência da tristeza, do luto, das incertezas, patologizando as emoções humanas como algo que não pode ser experimentado e que, se existem, supostamente devem ser medicadas”, destaca.


Ninguém é feliz o tempo todo


Um estudo da Universidade de Melbourne, na Austrália, publicado em 2018 na revista Emotion, sugere que a infelicidade de muitas pessoas se deve à busca incessante por ser feliz, à felicidade a todo custo, bem como à não aceitação de momentos de tristeza. Nesse sentido, a psicanalista Ceres Lêda Félix de Freitas pondera que viver implica se deparar com momentos de prazer, mas também de desprazer, e que isso é parte do que nos torna humanos. De modo que: “Negar a existência desses sentimentos pode levar à ruína”.


A psicóloga especialista em terapia cognitivo-comportamental Paula de Oliveira Maia reforça que todas as nossas emoções têm papel fundamental para nossa sobrevivência.


“As emoções nos lembram das nossas necessidades, nossas frustrações e direitos – nos levam a fazer mudanças, fugir de situações perigosas ou quando estamos insatisfeitos. Elas também aprofundam a nossa experiência de vida, afinal, o que seria de nós sem as emoções?! Assim, ao negá-las, você fica impedido de aprender com elas, de se comunicar e se rel