Riserva Zen Yoga Life
Introdução ao Bhagavad-gitã (3/3)
Dentre todos os planetas no céu espiritual, existe um planeta supremo chamado Goloka Vrindãvana, que é o planeta original na morada da original Personalidade de Deus, Sri Krishna
Extraído Por Helena Bhagavati do “Bhagavad Gita como Ele é” de Swami Prabhupada

O Senhor reside eternamente em Sua morada Goloka, porém uma pessoa pode aproximar-se d'Ele neste mundo, e para este fim o Senhor vem manifestar Sua forma verdadeira sac-cid-ãnanda-vigraha. Quando Ele manifesta esta forma, não há necessidade de imaginarmos como Ele é. Para desalentar tal especulação imaginativa, Ele descende e Se exibe como Ele é, como Syãmasundara.
Desafortunadamente, as pessoas menos inteligentes zombam d'Ele porque Ele vem como um de nós e brinca conosco como um ser humano. Mas por causa disso não devemos considerar que o Senhor é um de nós. E por Sua potência que Ele próprio Se apresenta em Sua forma verdadeira diante de nós e exibe Seus passatempos, que são protótipos dos passatempos encontrados em Sua morada.
Nos raios refulgentes do céu espiritual flutuam inumeráveis planetas. O brahmajyoti emana da morada suprema, Krishnaloka, e os planetas ãnandamaya cinmaya, que não são materiais, flutuam nestes raios. O Senhor diz: aquele que pode se aproximar do céu espiritual não necessita voltar novamente ao céu material. No céu material, mesmo se nos aproximamos do planeta mais elevado (Brahmaloka) - e o que dizer da lua - encontraremos as mesmas condições de vida: nascimento, morte, doença e velhice. Nenhum planeta no universo material está livre destes quatro princípios da existência material.
Portanto, o Senhor diz no Bhagavad-gitã: as entidades vivas viajam de um planeta para outro, não por meio de dispositivos mecânicos, mas por um processo espiritual. Nenhum dispositivo mecânico é necessário se queremos viagens interplanetárias.
O Gitã instrui: a lua, o sol e os planetas mais elevados são denominados svargaloka. Há três categorias diferentes de planetas: sistemas planetários superior, intermediário e inferior. A terra pertence ao sistema planetário intermediário. O Bhagavad gitã informa-nos como viajar aos sistemas planetários superiores (devaloka) com uma fórmula simples: apenas adorar ao semideus particular do planeta particular e dessa maneira ir à lua, ao sol ou a qualquer dos sistemas planetários superiores.
Contudo, o Bhagavad-gitã não nos aconselha a ir a nenhum dos planetas neste mundo material porque mesmo se formos para Brahmaloka, o planeta mais elevado, através de algum tipo de artifício mecânico, viajando talvez durante quarenta mil anos (e quem viveria este tempo?), ainda assim encontraremos as inconveniências materiais de nascimento, morte, doença e. velhice.
Mas aquele que deseja se aproximar do planeta supremo, Krsnaloka, ou de qualquer dos outros planetas dentro do céu espiritual, não se encontrará com estas inconveniências materiais. Dentre todos os planetas no céu espiritual, existe um planeta supremo chamado Goloka Vrindãvana, que é o planeta original na morada da original Personalidade de Deus, Sri Krishna. Todas estas informações são dadas no Bhagavad gitã, e através de suas instruções recebemos a informação de como deixar o mundo material e começar uma vida verdadeiramente bem-aventurada no céu espiritual.
"O Senhor Supremo diz: Existe uma figueira-de-bengala que tem suas raízes viradas para cima e seus galhos virados para baixo, e os hinos védicos são suas folhas. Aquele que conhece esta árvore é o conhecedor dos Vedas."
Aqui o mundo material é descrito como uma árvore cujas raízes estão viradas para cima e os galhos para baixo. Temos experiência de uma árvore cujas raízes estão viradas para cima: se uma pessoa se coloca à margem de um rio ou de qualquer reservatório d'água, pode ver que as árvores refletidas na água estão de cabeça para baixo. Os galhos vão para baixo e as raízes para cima.
Similarmente, este mundo material é um reflexo do mundo espiritual. O mundo material nada mais é que uma sombra da realidade. Na sombra não existe nenhuma realidade ou substancialidade, mas da sombra podemos compreender que existe substância e realidade. No deserto não há água, mas a miragem sugere que esta água existe. No mundo material não há água, não há felicidade, mas a água autêntica da felicidade verdadeira existe no mundo espiritual.
Estamos em busca de designações. Um quer ser filho, outro quer ser o senhor, um quer ser o presidente ou um homem rico ou um rei ou alguma outra coisa. Enquanto estamos apegados a estas designações, estamos apegados ao corpo porque as designações pertencem ao corpo. Mas nós não somos estes corpos, e dar-se conta disto é o primeiro estágio na realização espiritual.
Estamos associados aos três modos da natureza material, mas devemos nos desapegar através do serviço devocional ao Senhor. Se não nos apegamos ao serviço devocional ao Senhor, não podemos nos desapegar dos modos da natureza material. Designações e apegos devem-se à nossa luxúria e desejo, nosso querer dominar a natureza material. Enquanto não renunciamos a esta propensão de dominar a natureza material, não há possibilidade de voltar ao reino do Supremo, ao sanãtana-dhãma.
Aquele que não se confunde com as atrações dos falsos prazeres materiais, que está situado no serviço do Senhor Supremo, pode se aproximar deste reino eterno, que nunca é destruído. A pessoa assim situada pode se aproximar facilmente da morada suprema.