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  • COTIDIANO CONSCIENTE

A saúde mental do trabalhador e o convívio familiar

Entre aflições do dia a dia e a necessidade de se adaptar a nova realidade, a classe trabalhadora faz o que pode para manter a mente em equilíbrio


Por Luciana Campos


A pandemia trouxe uma mudança radical em nossas vidas, a população se encontrou fora da sua zona de conforto longe de seus parentes e amigos, obrigados a enfrentar uma onda de sentimentos e sensações nos reinventando a cada momento para driblar as consequências e transformações desse isolamento social.


Trabalhadores de todos os setores se adaptam como podem ao "home-office" sem nenhum preparo, buscando por melhores alternativas com cursos de capacitação para desenvolver seu trabalho de forma remota.


Alguns fatores, como o medo de contrair o vírus, luto de entes queridos, a mudança na rotina em geral e o aumento da carga horária acabam atrapalhando diretamente o relacionamento de seus familiares, além de provocar problemas para saúde física e mental. Ainda podemos observar que muitas mulheres enfrentam uma jornada de várias funções e, infelizmente, temos um aumento absurdo com a violência doméstica.


Não só os adultos, mas as crianças também sentem essa situação. Mesmo tendo menos risco de contágio, ficam reclusas e mais introspectivas com o isolamento social. Ao ficarem em casa com seus pais, tem a falta de atividades lúdicas e recreativas, que são tão importantes para seu aprendizado, assim como para os adolescentes que também sentem falta dos amigos, e da socialização, tão importante nessa fase do seu desenvolvimento.


Segundo especialistas, crianças e jovens podem apresentar irritabilidade, mudanças de humor, insônia, dificuldade de concentração e até mesmo depressão. Temos que ter sensibilidade para explicar o que estamos passando e a importância de enfrentarmos todas as mudanças em nossas vidas, deixando claro que não é castigo e sim cuidado e que logo poderão retomar suas atividades e seguir a vida.


"De repente eu estava ali, sem trabalho fixo, tendo que cuidar dos filhos e seus estudos em casa, recém separada, sem ninguém para ajudar; tive que segurar um turbilhão de sentimentos de todos os lados, sem deixar faltar comida... foquei meu trabalho em costura, que já tinha conhecimento, e entregas de pastéis congelados por encomenda no zap, já que não podia mais vender meus lanches nos comércios, muito menos concorrer com as inúmeras ofertas que surgiram... E foi a meditação e a prática do yoga , que me deram força interior e saúde mental!" conta uma dona de casa que se reinventou em vários aspectos, como tantas mulheres brasileiras, que mudaram até suas profissões e atividades para manter sua casa e o equilíbrio emocional.




Aqui no Brasil foi constatado que mais da metade das pessoas tem alterações no humor, mais de 70% com medo acima do normal, gerando um grande desânimo. Pela OMS (Organização Nacional de Saúde) a depressão é a doença mais impactante até 2020, mas com a pandemia mundial isso se agravou. Consequências como o estresse, transtornos de ansiedade, depressão, síndromes do pânico e burnout e até a síndrome do FOGO (Fear of going out), que geram insônia, sedentarismo, alimentação desregrada, tabagismo, abuso de álcool, drogas e medicamentos. É importante cuidar da saúde mental tanto quanto a física, pois saúde não é ausência de doença e sim o bem-estar físico, mental e social.


"De uma hora pra outra eu me vi obrigado a mudar totalmente minha vida, não apenas meu trabalho. Foi bem desafiador e hoje me considero adaptado. Mas isso me trouxe efeitos colaterais também, como o aumento do estresse e da carga horária de trabalho. E foi no esporte e na atividade física que encontrei uma maneira de aliviar esses colaterais", conta Felipe Bomfim, analista de conteúdo e praticante de musculação, que precisou se reinventar durante a quarentena.

Sem cuidados e hábitos saudáveis já é esperado por especialistas em saúde uma explosão de casos de estresse pós-traumático, uma das principais causas até mesmo do suicídio. Esses sintomas são silenciosos e podem demorar até dois anos para aparecer, deixando a capacidade do profissional comprometida.


Por isso é tão importante que as autoridades públicas desenvolvam uma comunicação eficiente comunicação com a população trabalhadora, mostrando interesse com o bem estar do cidadão, para acolher suas inseguranças e motivá-los com confiança, flexibilidade, empatia, tolerância e autonomia. É fundamental termos mais campanhas motivacionais, incentivo à prática exercícios em grupo são algumas das saídas para fugir desse mal, que se não for tratado afetará não só os trabalhadores mas o núcleo familiar e assim a sociedade em geral.